Depressão

12 Dezembro 2018

Imagem: Depressão

 

Quando se fala de depressão o uso de psicofármacos é um tratamento de escolha de muitos pacientes. Mas é necessário que esse não seja o único método de tratamento, já que existem questões internas que participam desse quadro clínico.


A depressão pode ser causada em ocasião de um luto ou pode fazer parte de uma personalidade deprimida. O luto é uma reação a perda de algo significativo que um objeto carrega, e esse objeto tanto pode ser uma pessoa quanto uma posição social, profissional, de saúde, ou qualquer situação que era considerada ideal pelo sujeito e que foi perdida.

Existe o luto normal e o patológico, os dois levam ao sentimento de tristeza mas somente o patológico que leva a depressão. No luto normal, a pessoa enlutada pode levar bastante tempo para elaborar a nova situação, até mesmo dois anos.

A pessoa perde o interesse nas atividades que antes lhe davam prazer, perde o interesse no mundo externo, deixa de investir momentaneamente em um novo objeto, ou em pessoas, ou num novo projeto e quer fugir de toda e qualquer atividade que não esteja conectada com a pessoa ou situação que perdeu.

O enlutado é incapaz de se desvincular do que foi perdido. Com o passar do tempo a nova realidade se impõe, passa a ser aceita e a pessoa pode voltar a investir novamente nas situações externas. Isso ocorre porque há uma força dentro do ser humano que o leva a querer viver bem. Essa reação é normal e esperada e o luto é lento e paulatino. É saudável que seja assim.

O luto patológico se configura numa depressão mais duradoura. Enquanto no luto normal é o mundo que se torna pobre e vazio, no luto patológico é o próprio sujeito que se torna depreciado e empobrecido. Aqui também a situação que desencadeia esse processo pode ser a perda de uma pessoa, de uma posição social ou profissional, a perda de saúde e também a perda da juventude e das condições físicas que isso vai impondo.

O sujeito pode temer depender das pessoas, pode ter medo de ficar sozinho ou pode ir perdendo papéis que desempenhava na família já que os filhos, sobrinhos e netos crescem. Nessas situações o sujeito não consegue encontrar um novo lugar para ocupar e essa tristeza passa a ser permanente configurando uma depressão, patológica.

O tratamento psicanalítico ajuda muito a pessoa a entender a origem dos seus problemas, os medos que estão por trás, trabalha a auto estima e busca recuperar a capacidade do sujeito de investir em pessoas, atividades ou situações que lhe dão prazer. É uma busca de sentido na vida que falta a esses pacientes, mas para isso a história individual deve ser vista junto ao profissional.

Normalmente são pessoas que necessitam muito da aprovação e do amor dos outros para se sentirem valorizados, com um alto nível de exigência consigo mesmo enxergando uma discrepância entre o que se é e o que queria ser. Em sua infância pode ter se sentido abandonado, ou sem esperança, ou pouco compreendido.

Enfim, são tantas as possibilidades que precisam ser vistas, individualmente, já que cada pessoa tem sua história diferente de todas as outras.

 

Fonte: Dra Vanessa Voll