Dependência Química

12 Dezembro 2018

Imagem: Dependência Química

 

A dependência química com o uso ou abuso de substâncias químicas estão ligados a tentativa do indivíduo de encontrar um equilíbrio entre o meio interno e o meio externo.


A diferença de uso para abuso é que no primeiro ocorre um equilíbrio maior; já no abuso ocorre um desequilíbrio nessa tentativa de apaziguar conflitos externos e internos.
O uso de drogas, e aqui incluo álcool, cigarros, maconha entre outras, pode ser visto como uma tentativa de automedicação que visa contrabalançar desconfortos como ansiedade, depressão, fobia social, sentimentos de raiva ou quaisquer outros desconfortos subjetivos.

É da natureza humana a busca por mecanismos de defesa que regulem a relação do meio interno com o externo. Mas existem mecanismos de defesa que são chamados de adaptativos, ou seja, que fazem bem ao sujeito e mecanismos de defesa chamados de desadaptativos, que fazem mal ao sujeito.

O humor é um exemplo de mecanismo adaptativo, encontrar uma atividade prazerosa, seja de trabalho, social ou de hobbie são outros exemplos de mecanismos que regulam conflitos externos e internos trazendo um equilíbrio a vida da pessoa. Já o abuso de substâncias químicas são mecanismos de defesa desadaptativos, prejudiciais ao sujeito e sem nenhum ganho.

O individuo vai deteriorando sua saúde e suas relações pessoais. Com o tempo nada mais lhe interessa acima da droga, que não acrescenta em nada de bom na vida, criando um círculo vicioso que só impulsiona o sujeito para baixo rumo a depressão.

O sujeito que abusa das substâncias psicoativas busca proteger-se de afetos dolorosos ou confusos. É muito comum que a pessoa não consiga expressar seus afetos de forma adequada e madura, o que o leva a formas mais primitivas de manifestação de seus sentimentos.

Digo mais primitivas porque resolver seus conflitos de uma forma oral é um jeito mais primitivo do que resolver por meio dos pensamentos. Para isso a pessoa tem que conseguir acessar seus sentimentos. E esse é o problema de muitos pacientes que se encontram com o problema do abuso de substancia, eles não entram em contato com suas dores e afetos e até mesmo alegrias. Não conseguem administrar sentimentos intensos, sejam bons ou ruins. E esse é um dos grandes motivos de recaídas.

Existe uma clara relação entre sintomas psicológicos e abuso de substâncias. Sendo assim, a psicoterapia psicanalítica tem muito a contribuir nesses quadros de dependência química. O indivíduo precisa conhecer a si mesmo, seus medos, conflitos e tristezas. Precisa falar disso. Precisa perceber suas dores e raivas, suas frustrações e a maneira como lida e tenta resolver tudo isso, que no caso do abusador de substâncias químicas ele tenta resolver de uma forma muito prejudicial a sua saúde.

Se o desconforto psicológico for diminuído há grandes chances de que o abuso de substâncias também possam cessar.

 

Fonte: Dra Vanessa Voll